quarta-feira, 22 de abril de 2009
História do Jornalismo no Brasil - Parte II Consolidação
A circulação de jornais é estimulada quando, em 1844, os serviços de correios passam a entregar correspondência em domicílio. Porém, para se receber um jornal de outro lugar ainda se deveria ir a uma agência local ou a um estabelecimento intermediário. Em 1858, o jornal Atualidade, editado no Rio de Janeiro, mobiliza entregadores (negros, ex-escravos, mulatos) para venda avulsa regular nas ruas da cidade. A partir daí, já existe uma estrutura de distribuição organizada: assinaturas domiciliares por via postal, pontos de assinatura (livrarias, lojas de modas etc) e de venda, que iria melhorando de acordo com o tempo. Em 1872, os pontos-de-venda dos jornais ingressam nos quiosques, que tomam conta das ruas centrais do Rio e de São Paulo. Na parte exterior, os quiosques exibem desenhos e cartazes. No amplo espaço interior estocam jornais, revistas, livros, flores, doces, frutas, charutos e cigarros, algumas miudezas, café e refresco, menos bebidas alcoólicas ou fermentadas, proibidas por lei. No século XX, os jornais vão para as bancas de jornais e revistas como existem hoje.Prazos e regras da Gazeta servirão de modelo a jornais e revistas que se vão estabelecer no país. Surgem pequenos anúncios que depois serão chamados de classificados. A tipografia atende a clientes os mais numerosos, imprime livros, documentos oficiais e cartazes com transcrição de editais, como este do intendente-geral da polícia: "Aos que publicarem escritos sem exame e licença, serão presos na cadeia pública e pagarão de pena 200 mil réis além das mais que se impõem aos que procuram quebrantar a segurança pública". O rigor da administração reserva à Gazeta do Rio de Janeiro e a Idade d'Ouro do Brasil o privilégio de serem os únicos jornais com licença de impressão num período de doze anos, de 1808 até 1820 e de 1814 até 1820. Até 1821 o Rio não conhece outra tipografia senão a Impressão Régia. É desse ano o Diário do Rio de Janeiro. O ano de 1821 ganha relevo na história da imprensa brasileira porque marca uma etapa de liberdade de expressão do pensamento. Em 28 de agosto, D.Pedro, príncipe-regente, com o retorno de D.João VI a Portugal, decreta o fim da censura prévia a toda matéria escrita, tornando livre no Brasil a palavra impressa. Este ato decorre de deliberação das Cortes Constitucionais de Lisboa em defesa das liberdades públicas e apaga, em terras de Portugal, uma nódoa de três séculos por ação do poder do rei, do poder dos bispos e da Santa Inquisição. A essa iniciativa juntam-se dois fatos decisivos: o episódio do Fico (9 de janeiro de 1822) e a Independência (7 de setembro), ambos em conseqüência da campanha pela separação do Brasil de Portugal desde a saída de D.João VI. Diz o aviso de D.Pedro: "Tomando Sua Alteza Real em consideração quanto é injusto que depois do que se acha regulado pelas Cortes Gerais Extraordinárias da Nação Portuguesa sobre a liberdade de imprensa encontrem os autores e editores inesperados estorvos à publicação dos escritos que pretenderem imprimir: é o mesmo Senhor servido mandar que se não embarace por pretexto algum a impressão que se quiser fazer de qualquer escrito, devendo unicamente servir de regra o que as mesmas Cortes tem determinado sobre este objeto." Após a Gazeta, surgem na Bahia os primeiros jornais e revistas não oficiais. Em 1812, Idade d'Ouro do Brasil apresenta a primeira revista impressa no Brasil, As Variedades ou Ensaios de Literatura. As Variedades trazem os símbolos maçônicos. A filha do redator de Idade d'Ouro e de As Variedades, V. A. Ximenes de Bivar e Velasco, torna-se a primeira mulher no Brasil a exercer funções de direção na imprensa, ao fundar e administrar o Jornal das Senhoras, em 1852, na Bahia. Era uma publicação ilustrada sobre modas, literatura, belas-artes, teatro e crítica. Circula de 1852 a 1855. Minas ganha seu primeiro jornal em 1823, O Compilador. Cinco anos mais tarde circula em Ouro Preto o Precursor das Eleições. Em Olinda e Recife circula um órgão estudantil, O Olindense. O Diário de Pernambuco, também de 1823, se tornará o jornal mais antigo em circulação no país e na América Latina. O Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, é de 1o. de outubro de 1827. A imprensa de 1808 a 1880 foi uma etapa de marcante atividade panfletária, talvez a de maiores conseqüências em toda a nossa história. Reflete as ações políticas revolucionárias que viabilizam a Independência, pacificam o país e preparam a República. O que há é uma pequena imprensa, simples jornais, e um jornalismo feito por panfletários, por autores que polemizam, divergem, desafiam, conciliam, lutam, instigam, ensinam, constroem, destroem. Exaltados, radicais, moderados, conservadores. Incontáveis, sobretudo se somados os autores anônimos, pseudônimos, iniciais que não excluem o imperador. Um cenário que inclui atentados, prisões, deportações, perseguições.
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